As palavras do sábio

Dizia Aristóteles, falando sobre a ciência da mecânica, que o leme é uma pequena peça que está colocada mesmo na parte final do navio, mas tem um tal poder, que através dele e da força suavemente exercida por um só homem, o maior dos navios pode ser manobrado.

Não sabemos se Tiago já teria ouvido estas palavras do filósofo grego ou se foi apenas uma coincidência quando escreveu na sua epístola:

4 Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro.
5 Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva. (Tiago 3:4-5)

O que se destaca neste texto é o poder imensurável que têm coisas tão pequenas como a língua ou uma fagulha.

O livro de Provérbios é atravessado por inúmeras advertências sobre o uso da língua e das palavras, o que denota a importância que o tema assume neste texto.

Tantas são as referências que vamos dividi-las em diferentes grupos.

Hoje vamos ler e meditar no:

Poder das palavras para o bem e para o mal.

Contrariamente a muitos outros bens, não sofremos de escassez no que diz respeito às palavras. É talvez pela sua abundância e facilidade que tantas vezes as desvalorizamos, esquecendo-nos do seu enorme poder. Deixemos que a Palavra nos fale:

A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto. (18:21)
A boca do justo é fonte de vida, mas na boca dos perversos mora a violência. (10:11)
O ímpio com a boca destrói o próximo, mas os justos são libertados pelo conhecimento. (11:9)
Pela bênção de quem é correcto a cidade se exalta, mas pela boca dos perversos é derrubada. (11:11)
Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz saúde. (12:18)
A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra. (12:25)
A testemunha verdadeira livra as pessoas, mas o que diz mentiras é traidor. (14:25)
A língua serena é árvore de vida, mas a perversa abate o espírito. (15:4)
O homem se alegra em dar uma resposta adequada, e como é boa uma palavra na hora certa. (15:21)
Palavras agradáveis são como favo de mel; doces para a alma e saúde para o corpo. (16:24)
Os maus procuram meios de fazer o mal; até as suas palavras queimam como fogo. Os maus provocam discussões, e quem fala mal dos outros separa os maiores amigos. (16:27-28)

Estes provérbios lembram-nos o poder das palavras para o bem e para o mal dos que nos estão próximos. Outros ensinam-nos que as palavras têm influência tanto em quem as profere como naquele que as ouve:

Os lábios que dizem a verdade permanecem para sempre, mas a língua mentirosa dura apenas um instante. (12:19)
Na boca do tolo está a punição da soberba, mas os sábios se conservam pelos próprios lábios. (14:3)
O perverso de coração nunca achará o bem e quem tem a língua falsa cairá no mal. (17:20)
A boca do tolo é a sua própria destruição, e os seus lábios uma armadilha para si mesmo. (18:7)
Do fruto da boca o coração se farta, do que produzem os lábios se satisfaz. (18:20)

Aprendemos que há poder nas palavras e na forma como as usamos. Sabemos que ficar pelas palavras é um risco, como nos alertou o Senhor Jesus. Mas sabemos que elas revelam muito do que somos e daquilo em que acreditamos, por isso devemos estar

“(…) sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” (I Pedro 3:15)

José Alves

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