Enviado (a tempo inteiro) – João 20

en·vi·a·do
(particípio de enviar)
adjectivo
1. Que se enviou.
2. Expedido.
substantivo masculino
3. Portador, mensageiro.
4. Legado, encarregado de negócios.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Alguém escreveu que os primeiros cristãos creram na ressurreição de Jesus não por não acharem o seu corpo morto mas sim porque O viram vivo.

Sim, é verdade. E não se tratou de fugazes aparições. Jesus encontrou-se com os seus seguidores, conversou com eles, esclareceu-os, abriu-lhes o entendimento para o que ainda não tinham percebido e deu-lhes uma missão:

“… Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” (João 20: 21b)

Em contraste com os longos discursos de Jesus que o Evangelho de João nos oferece, este é um dito curto e singelo. Todavia, não cometamos o erro de o ler com ligeireza pois o seu alcance e as implicações para os crentes em Cristo são profundíssimas.

Somos, então, enviados. Gosto do significado “encarregado de negócios” que o dicionário dá. Reparo na coincidência: Jesus, ainda adolescente, havia dito, em certa ocasião, que lhe era necessário cuidar dos negócios de seu Pai (Lucas 2:49, ARC). Tratar de negócios exige atenção e acção, tratar dos negócios de outrem exige, ademais, grande cuidado e responsabilidade. É preciso dar contas e convém que sejam boas contas!

Reparo também que Jesus não disse ” a quem quiser ir, eu envio” ou “envio-vos a prazo” ou, ainda, “envio-vos em part-time“.

Ao comentar esta breve declaração de Jesus, William Barclay enfatiza que a Sua Igreja nunca pode esquecer três coisas:

  • depois da sua subida ao céu, nós somos a boca, as mãos, o coração e os pés com que Jesus conta para que a sua obra entre os homens prossiga até aos confins da Terra e do tempo – o que teria acontecido se Jesus tivesse calado os seus lábios, se tivesse estacado os seus pés no lugar do conforto e se não tivesse estendido as suas mãos aos necessitados, se o seu coração não se tivesse compadecido dos que andavam perdidos e sós?
  • como enviados, precisamos daquele que nos envia. Sem Jesus, a Igreja não tem mensagem, não tem autoridade nem poder, não tem socorro em tempo de aflição, não tem iluminação em tempo de dúvidas, não tem encorajamento nas horas de crise, não tem visão no meio dos desafios
  • a nossa resposta à missão que recebemos tem como modelo a resposta de Jesus à missão que o Pai lhe deu. E, como bem sabe quem lê com atenção o Evangelho de João, essa resposta pautou-se de forma sublime e impressionante por amor total e obediência total. Nada mais, nada menos.

“… Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” Temos estado à altura de tão honrosa e importante missão? Quando nos perguntam quem somos e o que fazemos, seremos capazes de dizer, com consciência serena e prova dada, sou um enviado de Jesus Cristo?

Leni Alves

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