Maria! – João 20

O nosso nome é apenas um nome ou somos nós? Desde que nascemos quantas pessoas quantas vezes já pronunciaram o nosso nome! Em cada ocasião dessas era a nós que verdadeiramente se dirigiam? Era em nós que pensavam? Era por nós que chamavam? Era a nós – na inteireza e singularidade do que somos – que queriam ver, ouvir, acolher, acompanhar…?

No Evangelho de João é dito que no primeiro dia da semana após a crucificação de Jesus, Maria Madalena foi bem cedo ao sepulcro (João 20:1 e ss). A sua expectativa era a de ter um derradeiro encontro de homenagem com o seu Mestre morto, mas o corpo não estava lá. Para ela era óbvio que tinha havido um roubo, uma profanação, e isso redobrou o desgosto e a angústia que ela, tal como outras mulheres e os discípulos, vivia naquelas horas sombrias. Um homem apareceu mas fosse porque era ainda escuro, fosse porque o choro lhe turvava o olhar, Maria Madalena não conseguiu ver que era o Mestre vivo – e ele, sim, é que vinha ao seu encontro. Nem a sua voz reconheceu, visto que Jesus lhe dirigiu a palavra e ela respondeu confundindo-o com um presumível cuidador do jardim onde o túmulo tinha sido aberto.

Mulher, por que choras? As tuas lágrimas não são mais necessárias. Quando vires as coisas como elas realmente são, perceberás que não tens motivo para chorar. Eu não estou morto e ninguém levou o meu corpo. Eu estou vivo!

Mas Maria Madalena continuava a não ver a realidade e chorava. Então Jesus disse: Maria! – e ela imediatamente soube quem era o que lhe falava…

Na minha pobre imaginação, tento ouvir aquele chamamento. Único. Inconfundível. Completo. Doce e forte, ao mesmo tempo. Reconfortante. Confiável. Que chega à alma. Que enche todo o nosso ser.

Sim, estou a chamar por ti. Conheço-te profundamente, sei de tudo o que és e pensas e queres e sofres e erras – mas é a ti que te chamo…

O coração de Maria Madalena a explodir de alegria. Nunca ninguém alguma vez nos chamará como Jesus nos chama!

As minhas ovelhas ouvem a minha voz;
eu as conheço, e elas me seguem.
Eu lhes dou a vida eterna;
jamais perecerão e ninhguém as arrebatará da minha mão
João 10: 27-28

Leni Alves

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