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Salmo 121

Chegámos por fim ao Livro V – salmos 107 a 150. Desde logo, vemos que o seu salmo inicial, o 107, retoma um pedido feito pelo povo no salmo 106:47 na conclusão do Livro IV, ” Salva-nos, ó Senhor nosso Deus, e congrega-nos dentre as nações…”, enquanto que no salmo 107:3 podemos ler “Ele os congregou de entre as terras, do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul”. Este acto de reunião é visto como um facto estabelecido.

Os problemas do exílio parecem ultrapassados. Dois grupos de salmos, num total de 15 atribuídos a David, têm uma posição importante nesta colecção, os salmos 108-110 e 138-145. A ideia parece ser colocá-lo como um modelo que responde às preocupações dos salmos precedentes.

Assim sendo, nos salmos 108 a 110, David surge como alguém que é sábio e que está atento às recomendações referidas em 107:43 “Quem é sábio observe estas coisas e considere atentamente o grande amor do Senhor.” e assenta totalmente a sua confiança no amor constante e inalterável de Deus, louvando-O e cantando-O “entre as nações”, tornando-se um paradigma de alguém cuja acção deve ser seguida, quer por aqueles que ainda estão no exílio, quer pelos que regressaram, mas que se encontram rodeados pelos seus inimigos.

David sabia que apenas a dependência de Deus era eficaz: “Dá-nos auxílio contra o inimigo, pois vão é o socorro da parte do homem” (108:12). Tal como nestes primeiros salmos, também nos salmos 138 a 144, David serve de exemplo e modelo para a aflição dos exilados recordada no primeiro versículo do salmo 137: “Junto aos rios da Babilónia nos assentamos e choramos, lembrando-nos de Sião”.

Existe ainda uma proeminente esperança messiânica em alguns destes salmos davídicos. No salmo 110:1, David, usando linguagem distintamente profética, antevê um Rei ainda maior do que ele próprio: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita até que ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés.”, passagem que Jesus vai citar no NT (ver Mt 22:41-46,Mc, 12:35-37, Lc 20:41-44). Este Rei vai ser um Rei-Sacerdote da ordem de Melquisedeque e vai sentar-se à direita de Deus e com o seu exército derrotará os reis rebeldes e reinará na Terra. No salmo 118:22-23 é o próprio povo (Israel, casa de Arão, os que temem ao Senhor) que proclama a pedra que os construtores rejeitaram, mas que o Senhor fez a pedra angular e em conjunto clama “Bendito aquele que vem em nome do Senhor…” (v26)

Nesta parte do livro encontramos ainda o conhecido salmo 119, um longo acróstico com as 22 letras do alfabeto hebraico, iniciando cada uma delas 8 linhas de poesia que fazem referência através de múltiplas expressões sinónimas à Lei de Deus. Esta mnemónica poderá ter uma intenção poética, mas resulta igualmente do carácter manifestamente didático deste poema que visa inculcar a importância da lealdade e obediência aos ensinos do Senhor. A título de curiosidade, daqui resulta o maior salmo do saltério e o maior capítulo de toda a Bíblia com os seus 176 versículos, enquanto que o salmo 117, com os seus apenas 2 versículos, é o mais curto.

Os Salmos 120 a 134 são conhecidos como os cânticos de degraus ou de ascensão e muitos acreditam que se referem aos cânticos que o povo de Israel entoava subindo em direção a Jerusalém, nas suas peregrinações ao templo. Embora este entendimento não seja unânime, estes salmos são efetivamente boas orações para serem cantadas e meditadas na nossa peregrinação como Cristãos.

Terminando a colectânea encontramos, como já tivemos a ocasião de referir na 2ª semana, um crescendo de louvor…com cinco salmos (146-150), que começam e acabam todos com “hallelu” “yah”, uma ordem, que convoca para a adoração, chegando ao apogeu no salmo 150 o qual envolve toda uma orquestra adorando a Deus.

Por hoje finalizamos com uma oração inspirada no salmo 121.

Salmo 121

1 Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro?

Quando estou numa aflição, olho para todos os lados e questiono-me também – de onde vem a ajuda que necessito? Para onde me posso voltar para ter respostas, que me tranquilizem? De quem devo buscar direção e proteção? Levanto os meus olhos e vejo montes imponentes e imutáveis, mas por muito belos e majestosos que sejam, não é deles que vem o meu socorro…

2 O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.

Sim, meu Deus, é para Ti que me volto uma vez mais! Tu, que criaste todas as coisas e as susténs ainda hoje, és Aquele a quem me dirijo pedindo auxílio. Tu és Senhor sobre todas as forças naturais e sobrenaturais.

És Deus Criador…

3 Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não dormitará.

4 Eis que não dormitará nem dormirá aquele que guarda a Israel.

Obrigada, Senhor, por não dormitares, nem fechares os olhos às minhas tribulações. Sei que estás sempre comigo na caminhada da minha vida, no início, no fim e ainda durante todo o percurso. Reconheço que me tens guardado e confio em Ti, Bom Pai, para que me continues a guardar em cada momento.

Não permitas que tropece. Abre os meus olhos, mesmo os meus olhos espirituais, para que eu esteja atenta a todos os perigos… Protege também a minha família… os meus irmãos e irmãs que caminham ao meu lado… não deixes que os seus pés vacilem, Senhor.

5 O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua mão direita.

6 De dia o sol não te ferirá, nem a lua de noite.

Sê, Senhor, a minha sombra protetora. Que nem o sol me tire as forças e me faça desanimar, nem a lua me assuste ou me roube a sanidade. Tu, Senhor, és quem criou o sol e a lua, os montes e vales, o dia e a noite. Contigo não temerei mal algum…

7 O Senhor te guardará de todo o mal; ele guardará a tua vida.

Escuto estas Tuas palavras, Senhor, e vêm à minha memória todos os teus filhos e filhas que obedientemente caminharam sob a Tua direção no passado. Não deixaram de sofrer perseguições ou acidentes, não escaparam aos conflitos ou a doenças, não foram poupados nem ao desânimo nem a aflições várias. E, ainda assim, continuaram seguindo-Te. Não negaram o Teu nome, nem Te abandonaram, pois perceberam algo, que também eu começo a entender: todas aquelas tribulações, por tremendas que fossem, não tinham poder maligno sobre eles.

Tu, Senhor, nos guardarás de todo o poder do Mal. E por isso continuamos a orar: “Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do Mal”. As provações estão à vista, Senhor. Os desafios que vivemos hoje são desconhecidos para nós e sentimo-nos impotentes. Mas Tu prometes dar o escape. Tu prometes que não seremos provados acima das nossas forças. Tu prometes manifestar o Teu poder na nossa fraqueza. Tu prometes que o Maligno não terá mais domínio sobre as nossas vidas, pois elas são Tuas! Nada nos pode separar do Teu amor!

8 O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.

Graças Te dou, Senhor, porque me guardas desde que encetei esta jornada e me guardarás todo o tempo até ao meu destino. Posso passar por dificuldades e aflições, mas é a Ti que busco por socorro. É a Tua graça que eu quero experimentar nesses momentos. É no poder da ressurreição de Cristo que quero caminhar.

É para Ti que elevo os meus olhos, Senhor. É em Ti que descanso, hoje e sempre!

Amém.

José e Marta Pego e Pinto

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